Levítico

O Livro de Levítico

  1. Autor e Contexto Histórico

Moisés é o autor de Levítico. Ele e seu irmão mais velho, Aarão, eram membros da tribo de Levi (Êxodo 6:16–20). O livro de Levítico foi descrito como um manual do sacerdócio para Aarão e seus filhos (que serviam como sacerdotes) e para os levitas em geral. Em todo o livro, alternam-se as instruções do Senhor aos levitas com as que Ele deu a toda Israel. Nesses ensinamentos, estabelece-se o modo em que o povo iria proceder em relação às leis, aos rituais, às cerimônias e às festas de Israel.

Não é possível determinar com exatidão a data em que o livro de Levítico foi escrito. Ele registra muitos acontecimentos que se deram no Monte Sinai, é provável que Moisés tenha pelo menos começado a compilação naquela mesma época. Dessa forma, o livro pode ter servido já para a primeira geração do êxodo. Alguns estudiosos também sugerem que talvez Moisés tenha concluído a redação do livro somente num segundo momento, quando já estava em Moabe. Considerando que o livro serviu para instruir a segunda geração do êxodo que entrou na Terra Prometida, é provável, segundo estudiosos, que foi escrito entre 1446 e 1406 a.C.

  1. Propósito e Temas Principais

A lição principal do livro é destacar que o Deus do povo de Israel é santo, portanto, este povo que Deus escolheu deveria também ser santo, ou seja, precisava ser completamente fiel a Ele, não seguindo os costumes pagãos dos povos vizinhos (11:45). Neste livro, encontra-se o mandamento que Jesus chamou o segundo mais importante de todos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (19:18).

O conceito da Expiação é o cerne do livro. Esta palavra “expiação” aparece mais frequentemente neste livro do que em qualquer outro volume de escrituras. Levítico descreve em detalhes o sistema de sacrifícios de animais que serviam para lembrar Israel de que “é o sangue que fará expiação pela alma” (Levítico 17:11). Assim, esses sacrifícios ajudavam simbolicamente Israel a centralizar o foco no sacrifício de Jesus Cristo, que derramaria Seu sangue para expiar os pecados da humanidade.

Os principais temas de Levítico são:

  • As leis das ofertas, dos sacrifícios (Lv. 1-10)

    • Holocausto, a oferta queimada (Lv. 1: 3-17; 6:8-13)
    • Oferta de manjares (Lv. 2)
    • Ofertas pacíficas (Lv. 3)
    • Ofertas pelo pecado (Lv. 4)
    • Oferta pelos pecados ocultos (Lv. 5)
    • Instruções específicas, a lei do nazireado (Lv. 6-7)
  • As leis dos sacerdotes (Lv. 8:10)

    • Consagração e deveres
  • A Santificação do Povo

    • A lei da pureza e da saúde (Lv. 11-27)
    • A lei do Grande Dia da Expiação por todo o pecado, uma vez por ano (Lv. 16)
    • A lei da Santidade, leis éticas e morais (Lv. 17-22)
    • As leis das festas solenes; o proceder de cada uma: O Sábado, a Páscoa, os Pães Asmos, as Primícias Pentencostes, As trombetas, o Dia da Expiação, dos Tabernáculos. (Lv. 23-24)
    • As leis dos anos sabáticos e do jubileu: Repouso e Liberdade. (Lv. 25)
    • Promessas de Deus ao homem (Lv. 26)
    • As leis dos votos do homem a Deus (Lv. 27)
  1. Estrutura e Esboço

Terceiro livro do PENTATEUCO e do Antigo Testamento. Contém as leis e os mandamentos que Deus mandou Moisés dar ao povo de Israel, especialmente a respeito do culto, dos sacrifícios que o povo deveria oferecer a Deus e dos deveres dos sacerdotes.

O livro apresenta as ofertas dos servos ao Senhor: os holocaustos (eram feitos pelas ofertas de gado, vacas e ovelhas que deveriam ser machos, sem manchas, de própria vontade, seguindo um procedimento específico), a oferta de manjares (não era pelo pecado, não havia sangue, os elementos utilizados eram a flor de farinha, o azeite, o incenso e o sal. O fermento e o mel eram proibidos), as ofertas pacíficas (era uma oferta de paz feita com um macho ou fêmea sem mancha) e as ofertas pelo pecado (mostrava como o povo deveria proceder, exigia confissão e imposição das mãos sobre a vítima fazendo a transferência de culpa. Não se usava anéis, joias, nada nas mãos para não se ostentar riqueza. E também havia os pecados ocultos, que revelavam mais prejuízo de quem os tinham do que culpa, os pecados voluntários, que necessitavam não só do sacrifício, mas restituição a quem foi ofendido, e os pecados de Sacerdotes e Príncipes, que eram tratados com mais severidade, pois eram pessoas públicas.

Também são narradas no livro, as sete Festas de Israel: a Páscoa (recordava a libertação do povo), a dos Pães Asmos (pão sem fermento e sem contaminação), a Festa das Primícias (primeiros frutos), a do Pentecostes (a partir do primeiro dia seguinte ao sábado, contar 50 dias para oferecer nova oferta de manjares), a Festa das Trombetas (grande período entre o Pentecostes e as Trombetas), o Dia da expiação (a lembrança que nada se fará sem a expiação) e a Festa dos Tabernáculos (depois de sete dias, no 8º dia, ofereciam as ofertas queimadas).

  1. Personagens Principais

Moisés, Arão, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.

  1. Contexto Profético

O livro inicia-se com a conjunção “E ”: “E chamou o Senhor Moisés e falou com ele” (Lv. 1:1). Isto indica uma continuação do livro anterior de Êxodo, não mais no Monte Sinai, mas agora no Tabernáculo, no deserto, no meio do povo. Era a profecia a respeito da maneira como o Senhor Jesus falaria à igreja, no meio dela, através do seu sangue derramado e do seu Santo Espírito.

Muitos chamam Levítico de livro das leis, porém ele apresenta muito mais do que isto, pois se observa, em todos os capítulos, uma grande riqueza de tipologias que depois será vista também no livro de Hebreus. Em Gênesis 12, Deus elege um povo; Em Êxodo 12, Deus liberta o povo e em Levítico 1-10, Ele leva este povo a adorá-lo em santificação: “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Levítico 19:2). Em Levítico, Deus falava no Tabernáculo através do lugar Santíssimo, por cima do propiciatório, onde o sangue da expiação era espargido pelo Sumo Sacerdote, que levava em suas mãos uma bacia de ouro com o sangue por si e pelo povo, uma vez por ano, no dia da expiação. Hoje, temos a ousadia de entrar na presença de Deus, pois Jesus morreu por nós, ressuscitou, está vivo no meio do seu povo e o Sangue deste Cordeiro eterno é o nosso propiciatório.

Os livros de Levítico e de Hebreus caminham juntos, pois um leva ao entendimento de outro. Como exemplo, observa-se que no passado o povo se achegava a Deus através do Cordeiro, no altar dos sacrifícios, o altar de bronze (narrado em Levítico), hoje, o povo de Deus se chega a Ele pelo altar da cruz, onde foi sacrificado Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado daquele que a ele se chegar: “Sem derramamento de sangue não há remissão”. (Hebreus 9:22).

  1. Curiosidades:

O livro, que na tradução grega (Septuaginta) chama-se Levítico, superestima a tribo de Levi e os Levitas, como servidores dos sacerdotes operários do templo, porém o livro não lhes diz respeito nem na tradição mosaica do deserto nem na perspectiva do templo. No original “Va-yich-rah” significa “E chamou Deus a Moisés”, como está escrito em Lv. 1:1. Vê-se essa expressão 56 vezes no livro com variação entre os verbos “chamou”, “falou” e “disse”.

A leitura bíblica sequencial segue a ordem dos livros, oferecendo uma jornada linear e progressiva pela Bíblia, permitindo uma compreensão da mensagem em sua organização tradicional. A leitura sequencial segue a ordem dos livros tal como estão organizados na Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. É uma maneira direta e linear de percorrer as Escrituras, permitindo uma compreensão da história e dos ensinamentos de forma progressiva, do começo ao fim.

Já a leitura cronológica explora os eventos na ordem histórica, possibilitando uma visão contextual dos acontecimentos, mesmo que isso envolva ler passagens de diferentes livros simultaneamente. Ambas as abordagens oferecem percepções únicas para entender a mensagem e a história da Bíblia. Busca explorar a Bíblia na ordem dos eventos históricos ou cronológicos. Isso significa que você pode ler passagens de diferentes livros simultaneamente, desde que estejam contextualmente alinhadas temporalmente.