A Bíblia traz a genealogia de alguns servos que foram importantes no projeto de Deus o Pai. Era necessário manter o registro da genealogia dos descendentes de Abraão, na linhagem de Judá, passando por Davi, até chegar a Jesus, demonstrando que Ele era descendente tanto de Abraão quanto de Davi. Porém, encontramos no capítulo 36 de Gênesis as gerações de Esaú, que não está na linhagem real nem na formação da nação de Israel. Isso representa aqueles que não têm direito a benção de Deus, mas podem conquistá-las pela sua entrega ao Senhor. Se esse texto foi inspirado pelo Espírito Santo para ser registrado na palavra é porque o Senhor quer nos mostrar algo importante. Aná era pastor de jumentos no deserto. Durante o seu trabalho no deserto ele encontrou fontes de águas e imaginou que ali poderia dessedentar seu rebanho e a si mesmo. Porém, as águas eram quentes (termais). Encontrar águas quentes no deserto era uma coisa muito rara, mas a pergunta é: Para que serve? Aquilo não servia para os jumentos.
O fato citado tornou-se conhecido naquela região. Ou seja, o pastor que encontrou fontes termais no deserto. Talvez para surpresa ou desprezo dele, Aná ficou marcado por isso a ponto de ser citado no Livro Sagrado, por Moisés. O deserto é esse mundo em que vivemos. Apascentar jumentos é o nosso labor diário para sustento de nossas famílias, a luta diária para vivermos e alcançar vitórias. Não é uma tarefa fácil. O calor da vida, as lutas, as provas nos cercam e o que mais buscamos é o refrigério, precisamos de descanso. Nessa busca diária encontramos uma fonte de águas no deserto (Is 41:18), encontramos e fomos encontrados por Jesus que é a fonte de águas vivas. As águas dessa fonte são quentes, porque são as águas do Espírito Santo, que é fogo. Essas águas não são boas para os jumentos. Qual o valor que o mundo dá para o Espírito Santo? Porém, as águas termais são boas para o corpo, são remédio, traz renovo, proporciona descanso. Só sabe disso quem experimentou. E os que experimentaram ficaram conhecidos como aqueles que encontraram o Espírito Santo. Mesmo sendo de uma genealogia que não merecia a Benção, quando tivemos um encontro com a fonte de águas vivas, passamos a ter direito. Assim, o Espírito Santo tem operado em nossa vida para dessedentar a nossa alma.
Como já vimos na leitura bíblica desse ano, José é tipo do Senhor Jesus. A passagem em Gênesis 40:9-13 é uma profecia a respeito de sua crucificação, onde esteve com dois malfeitores (Lc 23:43), sendo que um alcançou uma bênção e o outro não. José quando voltou ao reino o copeiro estava lá diante do rei (Gn 40:21), e o padeiro morreu, pendurado num pedaço de madeira (Gn 40:19).
Por que o copeiro alcançou perdão? Pela simbologia do sangue do Cordeiro no vinho, que o copeiro pôs diante do rei. Aqueles que chegam diante do Senhor através do Sangue de Jesus alcançam a vitória (Ap 12:11).
E por que o padeiro não alcançou? Porque não guardou a Palavra, simbolizada no pão. Ele permitiu que as aves dos céus roubassem o pão que estava nos cestos. E o mesmo texto de Apocalipse 12:11 demonstra que a vitória se alcança pelo Sangue e pela Palavra.
Os textos do capítulo 42 de Gênesis retratam um período de grande fome que aconteceu nos dias em que José governava no Egito, conforme o Senhor havia mostrado em sonhos a faraó. Nesse momento os irmãos de José desceram ao Egito para comprar pão pela primeira vez, após terem entregado José a uns mercadores midianitas que o venderam ao Egito. Os irmãos de José não tinham ideia do que aconteceria ali, apenas queriam comprar o alimento e voltar para suas casas e, se necessitassem novamente voltariam para buscar mais. Ao chegarem lá eles foram atendidos por José, o irmão que pensavam estar morto e julgavam nunca mais vê-lo. Por isso não o reconheceram. Muitos não estão reconhecendo Jesus porque estão indo a lugares com outros interesses diferentes de alcançar uma benção de salvação. Mas Jesus quer se revelar para mudar esse conceito. José sabia bem quem eram aqueles homens, porém, não se revelou imediatamente. Perguntou quem eram e de onde vieram e eles falaram parte da história, pois disseram que eram doze filhos de um mesmo pai, porém não disseram por que José e Benjamim não estavam ali. José os trata com certa dureza aparentemente, mandando prendê-los por três dias e ao fim desse tempo deixa-os voltar para casa, levando o alimento que todos lá necessitavam. Porém, reteve consigo um dos irmãos que ele mesmo escolheu “Simeão”, que ficaria ali até que os outros retornassem trazendo o irmão mais novo, que o Pai não havia deixado sair com eles. Naquele momento os irmãos falaram entre si, que aquilo estava acontecendo pelo que fizeram a José e quando este ouviu seus irmãos reconhecerem isso, quebrantou-se e saiu para chorar num lugar separado e depois voltou.
A alma do homem tem fome (Amós 8:11) e sede (Sl 42:2), necessidades que só podem ser satisfeitas no lugar onde o Senhor habita. Dessa forma muitas vidas procuram uma igreja para buscar satisfação interior, porém nada sabem a respeito daquele que habita e governa naquele lugar. Muitas são as pessoas que vão em busca de soluções, respostas, bênçãos diversas, sendo esses os únicos motivos de irem ali, porém, o Senhor Jesus está vivo, é Ele quem atende cada um. José poderia ter se revelado logo a seus irmãos, mas queria que eles confessassem seu erro e isso só aconteceu quando Ele disse que teriam que voltar ali com Benjamim, e que sem esse menino, não o receberiam, não restituiria Simeão e não teriam mais alimento. Benjamim representa o novo nascimento. Tipifica o Espírito Santo dado aos servos. O homem pode ir à igreja somente para receber uma bênção e nunca mais voltar lá. Muitos não querem conhecer o Senhor, não se importam se Ele está vivo, só querem apenas satisfazer suas necessidades momentâneas e se precisarem de novo, então voltam pensando que podem pagar por essas coisas. José devolveu o dinheiro, pois as bênçãos de Deus não podem ser compradas com recursos materiais (I Cor 15:19). São de graça (Mt 10:8).
A igreja é composta de muitas pessoas que chegaram assim, querendo bênçãos e ouviram palavras de verdade que até pareciam duras, mas palavras que as fizeram reconhecer o pecado diante de Deus. A essas o Senhor amou e quis que voltassem para revelar que está vivo e quer cuidar de suas vidas. Mas Ele só se revelará ao que vier com Benjamim, o novo nascimento. Somente àqueles que o Espírito Santo trouxer. Ele reteve Simeão. Esse nome significa: “aquele que ouve”. O Senhor ama falar com o homem, por isso deixou Simeão junto dele. Foi José quem escolheu Simeão, porque o Senhor quer aqueles que estão dispostos a viver pela revelação do Espírito Santo. José estava no Egito em um governo permitido por Deus, e aqueles que ali chegavam tinha em José o alimento. Muitos buscaram o alimento em Faraó (Gn 41:55), mas quem tinha o alimento em suas mãos e sabia o que fazer era José. Jesus tem governado em nossas vidas, e veio a esse mundo para que pudéssemos ter o alimento que precisávamos para nossa salvação. Ele é o próprio pão vivo que desceu do céu (Jo 6:51). José com trinta anos começou o seu governo no Egito (Gn 41:46), assim como Jesus principiou seu ministério com também seus trinta anos (Lc 3:23) para confirmar o projeto de salvação de Deus em nossa vida (Mt 1:21).
Os anos das minhas peregrinações: Somos peregrinos nesta terra; nosso desejo é chegar à nossa pátria celestial, onde finalmente encontraremos descanso. O homem peregrina por essa vida. Ele faz planos, realiza-os ou não, interage com o semelhante, adquire e acumula conhecimento, bens e experiências, escolhe a forma de viver e se conduzir, produz muitas coisas e consome outras tantas, e deixa filhos, que também farão o mesmo. Um dia a peregrinação termina, sem dúvida, e esperamos alcançar a recompensa por vencer essa vida de aflições e angústias. Moisés disse no seu Salmo 90, no verso 15: “Recompensa-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal.” (Ver Sl 58:11 e Hb 11:26). Jacó peregrinou, então, por cento e quarenta e sete anos e disse que foram poucos dias e, além disso, que foram maus dias. Realmente, em termos de número de anos, Jacó foi o que menos viveu, na linhagem escolhida, desde Adão. E se contarmos a partir do chamado de Abraão veremos que Abraão viveu 175 (Gn 25:7); Isaque 180 (Gn 35:28) e Jacó 147 anos (Gn 47:28).
Mas, por que foram maus os dias dos anos de sua vida? Desde que José foi vendido por seus irmãos, Jacó acreditava que seu filho estava morto e nunca mais o veria. Não importa que o homem viva muitos anos, seja riquíssimo e tenha nome e influência, a ponto de abençoar o rei, se ele viveu acreditando que o Filho “Jesus” está morto, cada dia dos anos que viveu terá sido mal. O texto é interessante ao descrever dessa forma: os dias dos anos de minha vida, porque cada um deles é vivido pelo homem e ele será bom a partir do momento em que descobrir o mistério, e que é: Jesus está vivo. Foi o que ocorreu após Jacó descobrir que José estava vivo e proveu para ele e sua família todo o sustento no Egito. A morte é o limite do tempo do homem nesse mundo, e com Jesus vivo em sua vida, ele tem todo o sustento nesse mundo para que um dia possa ser levado para a eternidade, sua Canaã celestial (Gn 50:13), pois após ele chegar ao seu limite nesse tempo, precisa estar pronto para se encontrar com seu Salvador.
Em Êxodo 4:1-9 vamos o momento do chamado de Moisés para libertar o povo do Egito e conduzi-lo à Canaã. Nesse momento ele tinha oitenta anos. Um homem inteligente, culto e manso. Esse foi o tempo que o Senhor utilizou para formar o pastor que cuidaria de seu povo durante quarenta anos. Nesses versículos o Senhor explica duas coisas importantes referentes ao ministério:
Verso 3: Lançou o cajado na terra e virou uma cobra: O cajado (vara) é símbolo da direção do Espírito Santo, da revelação. O Senhor estava dizendo que se Moisés misturasse a revelação do Espírito Santo com as coisas dessa vida, com a razão, com o mundo, seu ministério não geraria vida, e sim morte.
Verso 6: Pôs a mão no seio e ela ficou leprosa. A mão é símbolo do ministério. A lepra é símbolo do pecado. O Senhor mostrou a Moisés que se ele exercesse seu ministério segundo seu coração, seu sentimento, sua vontade, seria pecado.
Em Êxodo 4:20, 24-26,29 vemos que Moisés habitava na casa de um homem que era sacerdote de algum deus em Midiã. Talvez por esse motivo ou por ter sido criado separado de seu povo (hebreu), Moisés não observou a circuncisão de seus filhos. Por essa razão o Senhor disse que ia matá-lo. Zípora provavelmente era contra, porém diante do anjo, ela mesma circuncidou o filho. Ao que parece ela não continua junto com Moisés em sua jornada ao Egito (Êx 4:26). Somente após o povo já estar liberto e haver iniciado a peregrinação no deserto, é que Jetro a leva ao encontro de Moisés no deserto (Êx 18:1-7)
Em Êxodo 3:1-3 entendemos que todo servo tem uma experiência que marca sua vida, e a primeira delas é sempre impactante. É aquela que vai estar sempre em sua mente. Os anos passarão, mas nunca se esquecerá, porque foi o momento em que o Senhor mudou o rumo das coisas. Paulo pregou a vida inteira sobre sua conversão, quando ia para a Síria (At 9:3; At 9:27; 22:6). Moisés teve sua experiência aos oitenta anos quando apascentava o rebanho de Reuel e viu uma sarça ardendo em fogo. O que lhe chamou a atenção foi ela não se consumir. Ao final de sua vida foi-lhe dada a oportunidade de escrever um Salmo, que nós conhecemos bem, o Salmo 90. Moisés poderia ter escrito muitas coisas. Notem que nem no Salmo, nem nos outros 5 livros que escreveu, descreve uma linha sequer a respeito dos seus primeiros quarenta anos, que passou no palácio de faraó. No segundo período de quarenta anos, a única coisa que valia a pena registrar foi a experiência na sarça. No terceiro período registrou muitas coisas nos quatro últimos livros do Pentateuco. Mas o Salmo era especial. Ele poderia ter descrito como foi atravessar o mar vermelho. Ter falado a respeito das dez pragas no Egito; do que viu no monte nos quarenta dias que passou com o Senhor, dentre outras coisas. Mas o Salmo fala a respeito da sarça. A sarça é a vida do homem, é como a erva (sarça) que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde murcha e seca. Nossos dias são como o dia de ontem que passou; um sono. Mas aquela sarça não morria. E Moisés descobriu o mistério. O mistério era o fogo. O fogo não era para consumi-la, mas era ele quem conservava a sarça. O homem é uma sarça, que perece, mas se o fogo do Espírito Santo estiver sobre sua vida, ele nunca morrerá, mas viverá eternamente. Então ele pede ao final do Salmo: “Apareça a tua obra aos teus servos; e a tua glória sobre seus filhos. E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus” (Sl 90:16-17a).