Semana 3 - Sequencial

Comentários Bíblicos: de 15 a 21 de Janeiro de 2024

Duas tipologias na história de Noé:

I - Gênesis 8:8-12: Após as chuvas pararem, Noé soltou uma pombinha três vezes.

a) Na primeira vez ela não encontrou repouso para a planta do seu pé e retornou a ele;

b) Na segunda vez ela retornou com uma folha de oliveira no bico;

c) Na terceira vez ela não retornou mais a ele.

Significado profético:

a) No Velho Testamento o Espírito Santo era enviado para operar em determinada situação e retornava ao Pai. Havia manifestações pontuais do Espírito Santo. Exemplos:

  • Ele veio sobre Sansão e depois retornava (Jz 14:6);
  • Ele veio sobre Saul e depois retornou (I Sam 11:6).

b) No ministério do Senhor Jesus Ele esteve somente sobre o Senhor em todo o tempo e retornou ao céu quando Jesus subiu, por isso o ramo de oliveira no bico (Mt 3:16). A Oliveira é um tipo de Jesus no VT.

c) Na terceira vez, foi no dia do Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja. Ele não retornou mais ao céu, e permanecerá com a igreja até o arrebatamento (At 2:2-4).

II – Gênesis 9:20-27: A bênção e a maldição de Noé sobre seus filhos.

a) Cam é o que gerou Canaã, que foi destruída. É o homem que vê o erro do irmão e se alegra com isso, zomba, expõe, comenta. Esses o Senhor amaldiçoa. É tipo do mundo que tem o juízo do pecado sobre ele (Gên 9:25);

b) Sem é o que deu origem ao povo Semita, de onde vem Abraão e Israel. Ele possuirá as tendas. A herança será dele (de Israel). A aliança profetizada aqui (Gên 9:26 e 27). Encobrir a transgressão é agradável (Prov17:9); ou seja, não viver naquilo que não glorifica o nome do Senhor;

c) Jafé é tipo da igreja. Alargue (encha a terra) e habite nas tendas de Sem (a igreja não possui herança, mas entra na herança de Israel e desfruta de tudo o que existe nela (Gên 9:27). A igreja segue o bom exemplo onde Israel não errou, porque naquilo que erraram perderam a benção.

III - Gênesis 6:3 – Até aqui o homem tinha uma vida bastante longeva. A partir de Noé o Senhor limita o tempo de vida do homem a 120 anos (Noé viveu 950 anos: Gn 9:29). Moisés escreve no Salmos 90:10 a respeito do tempo de vida do homem e ele fala que o tempo de vida chega a setenta anos e pela sua robustez pode chegar a oitenta anos (Moisés viveu 120 anos – Dt 33:39).

IV - Gênesis 9:3 – Para quem defende que não se pode comer carne de qualquer espécie de animal, aqui o Senhor permite ao homem comer qualquer coisa que se mova. As proibições virão 400 anos mais tarde com a lei mosaica (Levítico 11) para Israel. O benefício disso para o povo de Israel e o sentido profético para a igreja veremos no livro de Levítico.

V - Gênesis 12:11-13 – Abrão usa esse subterfúgio pedindo a sua esposa Sarai para se apresentar como sua irmã ao invés de esposa nos lugares por onde peregrinavam. A Bíblia descreve o que aconteceu em duas ocasiões, no texto acima ele faz isso no Egito e faraó a toma por mulher e, depois, em Gerar, sendo que Abimeleque também a toma por mulher (Gn 20:2). Com relação a essa situação, primeiro é importante dizer que os dois realmente eram irmãos, conforme lemos em Gênesis 20:12. A questão da consanguinidade não existia nessa época e ela somente será observada a partir da lei (Lv 18). A aplicação profética para a igreja é que ela (a igreja) e o Senhor têm seus segredos e o mistério de Jesus no meio dela. Um deles é que para o mundo, a igreja é irmã de Jesus, somos todos irmãos, diz a tradição religiosa, mas a igreja fiel sabe que na verdade Jesus é seu noivo e na eternidade será seu esposo. Enquanto ela peregrina nessa vida permite que seja chamada de irmã, mas na eternidade será a esposa do Cordeiro (Cant 4:9-12 e 5:12; Apoc 19:7 e 21:9).

A torre de Babel

  • A autoria do projeto de construção da famosa torre de Babel provavelmente pertence a Ninrode, ou pelo menos foi ele quem autorizou a construção. Ninrode era filho de Cuxe, que era filho de Cam (Gn 10:6-8). Como podemos ler no texto de Gênesis 11:1-9, Ninrode “começou a ser poderoso na terra” da mesma forma que a religião se tornou grande na terra, mas sem ligação com o céu. Ele reinava sobre uma extensa área de terras, iniciando em Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar (Gn 10:10). Em Gênesis 11 vemos a edificação da torre, bem como seu objetivo e a atitude do Senhor Deus diante dessa atividade dos homens de Babel, de onde se originaria Babilônia. Esses nomes estão intimamente ligados àqueles que pretende chegar ao céu de uma forma diferente da que ensina a Bíblia, que é através do sacrifício de Jesus e da ação do seu Espírito Santo. Deus estabeleceu limites para o homem que ele não pode ultrapassar na Obra, porque ela é do Espírito Santo. Cada um tem sua importância no projeto de Salvação, porém, todos dentro de um limite estabelecido pelo Espírito Santo.

  • O termo Babel significa: mistura, confusão. A passagem bíblica é interessante porque sabemos ser impossível que uma edificação dessa natureza possa chegar tão alto, mais ainda, quando o objetivo é alcançar o céu, que é espiritual. Uma forma simples de explicar que qualquer coisa que o homem deseje fazer para chegar até Deus, diferente da forma que Ele ensinou, que é através do sangue (Oferta de Abel - Gn 4:4, Oferta de Abraão - Gn 22:8, Jo 1:29), é impossível e Ele não aceita. Ali o Senhor espalhou os homens, confundindo as línguas para que não se entendessem mais e não tornassem a se unir para obras semelhantes que saiam dos limites do Espírito Santo. Vejam que em Gn 11:7 o termo está no plural, “desçamos e confundamos”: evidenciando a operação da trindade assim como já tinha ocorrido na criação (Gn 1:16). A Babilônia no sentido espiritual de religião permanece até hoje, prometendo salvação sem Deus, sem o sangue de Jesus, sem operação do Espírito Santo, e, como a torre de Babel, ela também cairá e será julgada na consumação do projeto de Deus (Babilônia como nação: Jr 51:8 e 44 - Babilônia como religião: Ap 14:8 e 18:2).

O Chamado de Abraão

O Senhor chama a Abraão para andar em sua presença e diz que através dele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12:3). Isto quer dizer, que não só a sua família, aquela da qual nasceria Isaque, Jacó e as doze tribos que formaram Israel, mas todas as famílias seriam abençoadas nele, porque através dele, de sua geração, nasceria o Salvador, não só do judeu, mas de todos (Rm 1:16). O Senhor prometeu que multiplicaria a descendência de Abraão. Ela seria numerosa como as estrelas do céu (Gn 15:5; 22:17; 26:4; Ex 32:13 e Dt 1:10) e como a areia do mar (Gn 22:17; 32:12; I Reis 4:20). A promessa não significava apenas que o número do povo de Israel seria incontável, como o foi, conforme podemos ler em I Reis 4:20, em que a Bíblia fala que no governo de Salomão, filho de Davi, “Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, como a areia que está junto ao mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se”. Mas há ainda a seguinte profecia:

  • A descendência de Abraão seria como as estrelas do céu: profecia a respeito de Israel espiritual;
  • Ligada às coisas do céu: profecia apontando para a igreja;
  • A descendência de Abraão seria como a areia do mar: profecia a respeito de Israel política, ligada à terra P de Israel, apontando para a nação de Israel que seria o “relógio” de Deus para a igreja.

Interessante ainda notar, que a promessa para a descendência espiritual é anterior à descendência terrena (Em Gn 15:5 falou das estrelas do céu e em Gn 22:17 falou da areia do mar), mostrando que as coisas celestiais vêm sempre antes das terrenas. "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6:33). A existência da igreja não é mera consequência dos atos de Israel com relação a Jesus, é projeto do Senhor desde o princípio e ela está profetizada em todo o Velho Testamento.