A história do casamento de Sansão é muitas vezes conhecida. Porém, o enigma de Sansão ainda é um mistério para muitos. Sansão se afeiçoa a uma mulher filisteia e deseja casar-se com ela. Não era costume em Israel que eles se unissem a outros povos. Porém, a união de Sansão com aquela mulher filisteia era um propósito do Senhor (Jz 14:3-4). Assim também Deus preparou um plano para a união de Jesus com a Igreja. A Igreja Gentílica não era Israelita; mas, Deus preparou um plano para a união dela com Jesus pela ação do Espírito Santo (Figura de Sansão naquilo que ele não errou). Quando Sansão foi acertar os detalhes do casamento, um leão veio sobre ele no caminho, e ele, cheio do Espírito do Senhor, despedaçou o leão, como quem despedaça um cabrito (Jz 14:5-6). Dias depois ao voltar para consumar o casamento, notou que o leão ainda estava ali e havia um mel excelente dentro dele. Ao chegar à casa da noiva, colocaram diante dele trinta jovens que ele não havia convidado para a festa. Como era costume, quem dava as roupas para a festa era o noivo. Sansão não os havia convidado, eles foram levados aquele lugar. Então Sansão propôs um enigma, se eles descobrissem a resposta receberiam as vestes para terem acesso à festa nupcial, se não descobrissem não poderiam entrar. O enigma era: Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura (Jz 14:14). Como não conseguiram descobrir o enigma em três dias, forçaram a noiva a fazer com que Sansão lhe desse a resposta.
Muitos não descobriram ainda o enigma do terceiro dia, pois isso é mais um fato bíblico profético que representa a morte e ressurreição do Senhor Jesus. Muitos ainda estão alheios a esse grande mistério que é Jesus revelado, e por isso, o Espírito do Senhor não tem operado. Como a mulher de Sansão insistiu muito, no último dia da festa, o sétimo dia, ele lhe contou sua experiência com o leão e ela contou aos seus conterrâneos e eles receberam as vestes festivais. A Igreja está aos pés do Senhor para descobrir a cada dia o mistério, o enigma. Ela sabe que é assim que o Espírito Santo vai se revelar, e revelar Jesus para ela. Com o mistério em mãos, a igreja tem a responsabilidade de transmitir a mensagem de salvação aos seus companheiros, a todos aqueles quanto o Senhor chamar (At 2:39). Os convidados alcançaram a resposta porque entenderam o que é Obra como Forma de Vida, corpo. A resposta que eles deram para Sansão estava relacionada à experiência que ele teve no caminho, por isso responderam: O que há mais forte que o leão? O que há mais doce que o mel? Para aquela festa essa resposta bastava, por isso Sansão providenciou as vestes e eles puderam entrar para a festa do casamento.
Essa passagem profética aponta para o casamento do Senhor Jesus com a igreja, o arrebatamento, momento em que os dois serão unidos na eternidade. A cada dia muitas pessoas estão chegando na igreja e querem fazer parte na festa, também querem ir para a Eternidade. Mas, para entrar na festa da salvação é necessário que cada um tenha as suas vestes apropriadas de santificação. E para receber essas vestes é necessário descobrir o enigma do noivo pela ação do Espírito Santo. A resposta ficou pendente nos seis primeiros dias da festa, porque esses dias representa o período histórico-profético da igreja; período aproximado entre o ano 33 da nossa era, com o primeiro “pentecostes”, na igreja de Éfeso, até o penúltimo período da igreja, em Filadélfia, mais ou menos até 1844 dC. Estamos no último dia da festa da salvação, período de Laodiceia, última igreja, aquela que vive os momentos que antecedem à consumação do casamento de Jesus com sua noiva, o tempo do breve, do arrebatamento. Somente para a igreja dessa última hora, que buscou a revelação, com choro, jejum, oração, renúncia, o Senhor Jesus revelou e revela os segredos que são poderosos para pôr qualquer pessoa dentro de sua Obra Redentora. Então, Ele contou para ela a resposta. Do comedor saiu comida: o comedor era o leão, tipificando o leão da tribo de Judá, o Rei, o Senhor Jesus. Ele é o pão vivo que desceu do céu para alimentar a alma do homem. O que há mais forte que o leão? E mais doce que o mel? Do forte saiu doçura, forte é a morte. O amor de Jesus pelo homem é tão forte que o levou à morte (Ct 8:6). Jesus morreu por amor ao ser humano. Não existe nada mais forte do que o amor de Deus. A doçura do amor de Jesus venceu a força da morte. Não há nada mais doce que a ressurreição de Jesus. E para o ser humano não há nada mais forte do que a morte de Jesus e nem mais doce do que a sua ressurreição, que nos garante a vida eterna. Nós também não sabíamos essas coisas, mas lavramos com a novilha do Senhor, foi a igreja fiel quem descobriu esse segredo e nos contou.
Sansão foi usado por Deus em um momento muito importante para o povo de Israel. Israel não tinha rei, tinha juízes. E esses juízes eram pessoas que se destacaram entre o povo por alguma qualidade especial que possuíam: sabedoria (Gideão), força (Sansão) etc. No julgamento, eles intermediavam as pessoas que vinham tratar de negócios, que tinham alguma pendência. Eles realizavam o que cabia ao líder, como vemos em Moisés, Salomão, etc. Sansão, além de juiz, foi usado nas batalhas contra os filisteus. A luta de Israel era para se estabelecer na terra que havia herdado pela promessa de Deus, e vencer os inimigos que estavam ao redor. Eram guerrilhas praticadas pelos inimigos, que queriam, geralmente, tirar o alimento e as fontes de águas. Eles vinham, tomavam as lavouras que os israelitas plantavam, tapavam ou se apossavam dos poços de água. Então essa era a estratégia da guerra naquela época e o povo ficava exposto. Nessas ocasiões era necessário o uso da força de homens belicosos entre o povo de Israel. E Deus levantou homens para esse fim, como no caso, Sansão, que tinha uma força descomunal. Era o poder de Deus ali, manifesto no homem. O segredo desse homem era o pacto, a aliança que tinha com Deus. Ele tinha um mistério que ninguém sabia: ele pertencia a Deus.
A Palavra se refere a alguns falsos profetas como raposas. Por exemplo, Jesus chamou Herodes de raposa. Raposa significa raptar, pilhar. A raposa se adapta aos mais variados ambientes. Onde muitos carnívoros não conseguem sobreviver, ela se instala, conquista e mantém territórios.
A raposa se aloca em:
A raposa é tipo daquilo que não vem do Senhor (não deis lugar ao diabo - Ef 4:27). A raposa tem hábitos noturnos e caça à noite. A Palavra nos recomenda: Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até o dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta (Ef 5:8-13).
A raposa tem como presa, pequenos animais, dentre eles cabritos (novo convertido). Quando não têm presas, comem frutos. Atacam as vinhas (Cant 2:15). Ela é rápida e ágil. A raposa é muito rápida, escorrega sem fazer ruídos, consegue passar em lugares estreitos e, sem perder o equilíbrio, dá saltos monumentais. O adversário sempre usa de ciladas sutis e astutas para levar o ser humano a pecar. Apesar de a raposa ser um animal esperto e solitário, Sansão caçou 300, ateou fogo na cauda e soltou-os na lavoura dos filisteus. A raposa é tipo do pecado, sendo tudo aquilo que encontra lugar no coração do homem, que deveria ser sede, templo do Espírito Santo (I Cor 6:19), para ser covil de raposa, do pecado (Mt 21:13). Jesus muitas vezes não encontrou lugar de repouso, lugar no coração do homem: A raposa tem seus covis. O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça (Lc 9:58). A raposa traz grandes prejuízos às vinhas. A raposa é inimiga da vinha. Ela costuma atacar a vinha para comer o seu fruto, e às vezes nem espera o fruto, mas vai e devora a sua flor, de modo que o fruto nunca surge. O grande problema da raposa é que, por causa de sua aparência de bichinho inofensivo e gracioso, muitas vezes as pessoas toleram sua presença e não cuidam de afugentá-las para longe. Assim a vinha deixa de ter flores (igreja sem dons); não dá fruto (não tem alimento espiritual); os brotos são devorados (a igreja não cresce).
O exemplo de Sansão, quando usou as raposas para destruir a colheita dos filisteus, nos traz o ensino de que, a forma de destruir o pecado é com fogo, o Poder e ação do Espírito Santo em nossa vida. Aquilo que traz prejuízo à nossa vida espiritual, que obstrui os dons, a profecia, jamais deve ser tolerado, como fizeram os crentes de Tiatira, que toleraram Jezabel (Apoc 2:20), pois sem profecia o povo se corrompe (Prov. 29:18). Só pela ação do Espírito Santo isso é possível. Esse é o fogo que consome o pecado. Sansão não tinha força física para realizar tal feito, mas ele era impelido pelo Poder do Espírito Santo. Um detalhe importante é que, Sansão não colocou fogo diretamente na cauda das raposas, mas amarrou-as de duas em duas (duas raposas simbolizam o consórcio que leva o homem a derrota espiritual: a carne e o adversário) e entre elas uma tocha de fogo. Jamais o homem, por seus próprios meios terá poder contra o pecado. A nossa luta não é corpo a corpo, pois nossa luta não é contra a carne e o sangue (Ef 6:10). Muitos têm virtudes morais, aplicam-se em se abster de algo, que no seu entender o leva a pecar; privam-se do convívio com o mundo, mas, nada disso tem eficácia ou produz na vida do homem a verdadeira santidade. A santificação é a ação do Espírito Santo sobre o homem que opera de dentro para fora e não de fora para dentro. A tocha com fogo se forma na vida do homem que permite a ação do Espírito Santo em sua alma. Com o Espírito Santo, o homem vence a carne e o adversário. Resisti ao adversário e ele fugirá de vós (Ti 4:7). Enquanto os Filisteus dormiam, Sansão agia. Isso aponta para o servo vigilante, que não é detido pelas trevas que estão sobre o mundo. Ele madruga, jejua, se santifica, se aplica a leitura da Palavra. Isso produzirá o fogo que lhe dará poder para resistir ao pecado, mesmo nos períodos de grandes investidas. É o fogo do Espírito que destrói toda ação do adversário. Os campos dos filisteus foram destruídos. Tudo aquilo que sustentava os inimigos e os mantinham vivos. O campo tornou-se árido para eles continuarem ali. O Espírito Santo torna o lugar santo insuportável para o inimigo se alojar. A terra queimada pelo fogo dificilmente será novamente semeada, pois não têm os nutrientes para fazer a semente germinar. O coração que está sob a ação do fogo do Espírito Santo não acolhe as sementes do pecado, e se forem lançadas não será capaz de produzir os maus frutos. Foi por este poder que Sansão venceu as batalhas contra os inimigos do povo de Deus, e enquanto ele foi obediente ao seu chamado, foi considerado um tipo do próprio Espírito Santo no Velho Testamento.