Alguns que estavam no meio do povo de Israel vieram a ter grande desejo das comidas dos egípcios conforme vemos em Nm 11:4-6 (pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dera carne a comer?......vs 4). Não estavam satisfeitos somente com o maná, a palavra do Senhor, o pão vivo que desceu do céu (Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos, senão esse maná - vs 6). Quando o povo de Israel saiu do Egito, misturado com ele estava uma multidão de gentes, conforme lemos em Êx 12:37-38. Era um “misto de gente”, uma mistura, que a Palavra chama de populacho ou vulgo (vs 4), e que nós aprendemos a chamar de mescla. Muitos dessa gente não tinham compromisso com a vontade do Senhor para Israel. Não entendiam o propósito de Deus em formar uma nação sacerdotal. Queriam apenas os benefícios da terra porvir, mas o preparo da caminhada não lhes interessava. Murmuravam a todo instante e enfraquecia os ânimos de Israel, fazendo o povo de Deus chorar.
No meio da igreja pode existir esse tipo de gente e é fácil identificar. Que nunca cumpre a revelação, não tem compromisso com a obra, mas a todo instante querem que seus desejos sejam atendidos: “temos desejo”. Gente que está há anos misturado com a igreja, mas que não se deixa transformar, nunca muda, nunca deixou efetivamente o mundo (At 7:39). A obra é por sua natureza diferente da religião, da tradição religiosa, dos movimentos, das tendências mundanas. Ela conserva a sã doutrina (2 Tim 4:3). Ela não está interessada em novidades, em avivamentos que não passam de fogo em palha e logo desaparecem. Ela prima pela Palavra revelada, sua grande característica como igreja da obra do Espírito Santo. Mas quem não entende essas coisas, despreza tudo: “nenhuma coisa vemos senão esse maná” e em Números 21:5 ainda diz: “nossa alma tem fastio desse pão tão vil”. Se a igreja está chorando é porque tem populacho misturado com o povo de Deus; que chama vil à manifestação do amor de Deus para sustentar na comunhão os servos fiéis. O Senhor nunca deixou faltar nada aos seus servos. Ele deu pão e o populacho pediu carne. A igreja fiel quer o maná, quer Jesus, quer a salvação, quer o Espírito Santo. O infiel, sem compromisso, quer a carne. Tem saudade do que deixou no mundo. A paciência do Senhor não tem fim. E ele deu carne durante trinta dias a todo o povo (Nm 11:20-21); mas o pão do céu (Maná) Ele deu por quarenta anos (Êx 16:35). A igreja está satisfeita com o maná, o pão vivo que veio do céu para salvá-la. Jesus é esse pão vivo (Jo 6:51). Esse pão tem sabor de azeite fresco (vs 8). A palavra de Jesus para a igreja vem pela ação do azeite, o Espírito Santo que opera e sustenta a nossa vida na caminhada.
O momento descrito nos versos de Números 13:18 e 20 é aquele em que Moisés enviou doze (12) homens para espiar a terra de Canaã e ver um pouco de tudo o que o Senhor daria para seu povo. Eles viram que a terra era muito boa, tão boa que os homens eram mais altos e fortes que os hebreus; as cidades eram boas e fortificadas; havia animais e árvores em abundância, porque era uma terra muito fértil. A intenção era que os homens vissem todas as maravilhas daquele lugar e desejassem possuir o mais rápido possível, mas eles não entenderam e ao invés de falar das belezas e delícias de Canaã, falaram da dificuldade em conquistá-la. Isso aconteceu porque o velho homem não é capaz de entender as coisas espirituais. Ele precisa morrer na caminhada, para que o novo nascido (a nova criatura gerada pelo Espírito Santo) herde a vida eterna. Por esse motivo todos os que saíram do Egito (de vinte anos para cima) morreram nos quarenta anos seguintes e uma nova geração entrou na terra da promessa.
“Esforçai-vos e tomai do fruto da terra”. Muitos precisam descobrir que o fruto que há na terra é muito bom. Deus tem um projeto de Salvação, que é a melhor coisa que podemos conquistar em nossa vida, a primícia da Obra do Espírito Santo. O cacho de uva que os homens levaram em seus ombros simboliza o Senhor Jesus, cujo quer agir na vida daquele que deseja conquistar a eternidade. Quem não encontra Jesus, verá muitas coisas boas: a arquitetura da igreja, o louvor, a palavra, as crianças cantando, dentre outras coisas. Mas ele só vai desejar ficar na obra se achar Jesus, se sair do culto, da visita, de uma assistência com uma experiência individual. Muitos olham somente para as lutas e dificuldades, mas não veem a grande Obra que Deus quer fazer.
Em Números 15:32-35 vemos a situação de um homem que estava trabalhando no deserto no dia de sábado. Pela lei, não era permitido fazer nenhum trabalho no sábado. Ele foi encontrado naquela situação, e a condenação para ele foi a morte. Profeticamente, esse homem era um tipo daquilo que Jesus faria pelo homem. Ele veio a esse mundo (deserto), para cumprir na sua vida a lei (Mt 5:17), e pela sua morte, alcançamos Salvação porque após a sua morte, Deus estabeleceu que o governo do seu povo seria pela graça (Ef 2:8). Jesus foi perseguido pelos religiosos porque realizava milagres no dia de sábado (Jo 5:18). Israel não entendeu, como até hoje muito não entendem o significado do sábado. O Senhor deu o sábado para o homem ter descanso, um dia em que ele não faria obra alguma, nem mesmo se ocuparia do que comer. Em certa ocasião Jesus disse: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mt 2:27). Jesus é o nosso descanso (Mt 11:29), é o nosso sábado. Jesus foi dado ao homem e não o homem a Jesus. É o homem que precisa de Jesus e não Jesus precisa do homem. Obra nenhuma farás (Êx 20:10). Somente o Senhor Jesus trabalhou pela nossa salvação. O homem não precisou fazer nada.
O homem foi encontrado apanhando lenha no deserto. Jesus veio ao deserto desse mundo recolher os pedaços de lenha, sem vida, secos, que estavam espalhados. Ele veio com seu amor, recolhendo o homem, como quem recolhe a lenha e vai fazendo um feixe junto ao peito. Jesus veio para resgatar o que se havia perdido. O trouxeram a Moisés, que simboliza a lei. Consultaram a lei. O que faremos com esse homem? O trouxeram a Arão, e o sumo sacerdote interrogou a Jesus (Jo 18:19-24 – Anás e Caifás). O trouxeram a toda a congregação que o apedrejará. Toda a multidão pediu a crucificação de Jesus (Mt 27:17-23). O Juízo: Certamente morrerá fora do arraial. Jesus foi morto fora de Jerusalém, no gólgota. O sábado é o descanso de Deus para o homem. O dia que Deus opera na sua vida, esse dia é sábado, porque a alma alcançou descanso. Jesus quer ser o nosso descanso todos os dias da nossa vida. "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11:29).
Faziam parte da arca da aliança três elementos que o Senhor mandou Moisés guardar dentro dela:
O Maná – conforme Êxodo 16:33
As tabuas da Lei – conforme Êxodo 25:16 e 21
A vara de Arão que floresceu – conforme Números 17:10
Os três elementos simbolizam:
O Pai – A Lei dada por Deus;
O Filho – O Maná – o pão que desceu do céu;
O Espírito Santo – a vara de Arão que floresceu – a nova vida.
Esses elementos permaneceram em depósito por muitas décadas, talvez séculos, porém quando Salomão consagrou o templo, dentro da arca havia somente as tabuas da Lei conforme I Reis 8:9. Provavelmente os outros dois elementos foram retirados da arca quando os filisteus a tomaram de Israel (I Sam 4:17 e 21-22 e I Sam 5:1-2). Se foram os filisteus quem retirou o Maná e a vara de Arão da arca é fácil entender. Esses elementos não tinham qualquer significado para eles. Era uma porção de comida e um pedaço de madeira. Já as tábuas da lei eram uma relíquia, um documento importante e eles preservaram. Os filisteus tipificam todos aqueles que não valorizaram o Filho e o Espírito Santo. Os filisteus não sabiam o significado daquelas coisas, assim como o mundo não sabe nada a respeito de Jesus e do Espírito Santo. Os religiosos sabem, mas desprezam. Não vivem a experiência de Jesus vivo e não querem o governo do Espírito Santo. Tanto os filisteus quanto os religiosos não têm discernimento, nem revelação. Corpo e Governo do Espírito Santo são coisas sem valor para esses. Mas preservam a tradição religiosa, as relíquias. Vivem um cristianismo histórico. Por isso que no templo de Salomão entrou somente a Lei. A igreja fiel, que é a guardadora atual da arca (espiritual) possui em bom depósito os três elementos preservados até hoje. Hoje vivemos pela ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo sobre nós, preservamos a palavra do Pai em nosso coração (Sl 119:11), o Sangue de Jesus que nos purifica (I Jo 1:7) e ação do Espírito Santo que nos mostra o caminho (Jo14:26).
No dia a dia é impossível que o homem não peque, pois conforme a palavra do Senhor, todos pecaram (Rm 3:23). Quando lemos os termos da lei mosaica, vemos que muitas situações eram impossíveis evitar, como tocar no corpo de um morto. Alguém precisava fazer isso. O capítulo 19 de números fala a respeito de um sacrifício muito especial que o Senhor requeria para limpar o pecador (Nm 19:12). Era o sacrifício de uma novilha ruiva (Nm 19:2). Era a única ocasião em que esse animal era oferecido. Após essa oferta, o sacerdote ficava imundo até à tarde. Outro homem recolhia a cinza que resultou dessa novilha queimada e a guardava fora do arraial (do lugar onde o povo vivia), num lugar limpo, e essa cinza era misturada com água para fazer expiação pelo pecado do povo. O homem limpo que fazia esse trabalho também ficava imundo (com pecado) até à tarde.
Quando um homem tocasse num morto, ele ficaria imundo por sete dias. No terceiro dia desse período ele deveria se lavar com aquela água usada no sacrifício, e ao sétimo era considerado limpo. Mas se não se lavasse no terceiro dia, no sétimo não estaria limpo. A Bíblia não tem palavras sem sentido ou significado. Ela faz menção da cor do pelo da novilha, ruiva. Davi, um dos homens que tipificaram Jesus no Velho Testamento era ruivo (I Sam 17:42). Todos os animais puros sacrificados ao Senhor simbolizavam o Senhor Jesus. E cada um tinha um significado. Essa novilha ruiva era toda queimada fora do arraial, representando Jesus. Jesus havia suado sangue quando orava; depois lhe cravaram na cabeça uma coroa de espinhos e o fizeram sangrar. Isaías (Is 63:1) fala que suas vestes estavam tingidas de vermelho e em Apocalipse lemos que suas vestes estavam salpicadas de sangue (Ap 19:13). Jesus se deu por inteiro para fazer expiação pelo homem e foi crucificado fora de Jerusalém. Sua cinza era guardada fora do arraial em um lugar limpo. Jesus foi posto numa sepultura nova, que não havia sido contaminada por nenhum outro morto (Jo 19:41). Ao terceiro dia o impuro, porque teve contato com a morte (pecado) se lavará na água dessas cinzas, para que esteja limpo ao sétimo dia. Era importante o homem estar limpo ao sétimo dia, porque era o dia de descanso. Era o dia em que o homem se apresentava diante do Senhor. O impuro não podia fazer isso. O sétimo dia é o momento profético que aponta para a volta do Senhor Jesus, onde a igreja se apresentará diante do seu Deus. Somente poderá entrar diante dEle, aquele que se purificou nas águas do Espírito Santo, que foi o resultado da morte e ressurreição do Senhor Jesus ao terceiro dia. O homem que não tem experiência com a ressurreição de Jesus ainda não está purificado e não pode entrar no santuário eterno de Deus.
Moisés foi impedido pelo Senhor de entrar na terra prometida por ter, conforme a Palavra, cometido um erro em seu ministério (Nm 20:8-12). Pode parecer muito duro esse juízo, mas Ele fez isso por amor à igreja. Qual foi o erro? Moisés desobedeceu ao Senhor, ferindo a rocha, quando deveria apenas ter falado com ela para dar água. “... falai à rocha, e dará a sua água...” (Nm 20:8). Em I Coríntios 10:4 lemos que a rocha simbolizava o Senhor Jesus e Ele foi ferido uma única vez em favor do homem. Seu sacrifício foi perfeito e suficiente. Não é necessário mais nenhum outro sacrifício. A rocha já havia sido ferida anteriormente, como lemos em Êx 17:6: “... e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá...” Moisés representa a lei, a letra da lei. Quem vive na lei não aceita o sacrifício de Jesus e espera outro cordeiro da parte de Deus. A lei fala da morte do cordeiro, mas a graça fala da vida pelo Cordeiro. Por isso (também) lemos que: “... a letra (da lei) mata, mas o Espírito (graça derramada) vivifica” (2 Co 3:6). Desde o sacrifício de Jesus, quem tem sede basta clamar ao Senhor e Ele tirará toda a sede sua alma (Jo 7:37).
Como disse Jacó a faraó um dia: “os dias dos anos das minhas peregrinações...”. Vejam que somos peregrinos nessa terra (Gn 47:9a). A igreja tem um destino, mas precisa passar por esse mundo antes de alcançar a promessa que tanto aguarda, ela vive aqui, mas não é daqui, porque espera o reino de Jesus que não é daqui (Jo 8:23). A igreja tem uma forma de vida diferente do mundo. Ela tem um objetivo. E o Senhor lhe dá todos os recursos necessários para isso (Js 15:19).