O Senhor mandou Moisés contar o povo no deserto (Nm 1:3) e somente eram contados os homens que podiam pegar em armas para sair à guerra. Assim, mulheres e crianças (até vinte anos) não eram contadas. O número total de homens que se encontravam nessa situação foi de seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta (Nm 1:46), sendo que a tribo que possuía o maior número era a de Judá, com setenta e quatro mil e seiscentos homens (74.600) (Nm 1:26-27). Mesmo a tribo de José sendo formada pelas tribos de Manassés (com 32.200) e Efraim (com 40.500), não alcançava o número de Judá, somando 72.700 homens (Nm 1:32-35). Esse era o número dos homens que seriam os guerreiros de Israel, que combateriam contra as sete nações mais poderosas e mais numerosas que eles (Dt 7:1).
As guerras, todavia, não eram resolvidas nos campos de batalha. As guerras de Israel eram guerras espirituais e os homens de Israel não necessitavam ser belicosos para vencer, mas eram obrigados a ser obedientes ao Senhor. “Como poderia ser que um só perseguisse mil e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, e o Senhor os não entregara? Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes disto” (Dt 32:30-31). Israel tinha a sua retaguarda outro exército que lhes transmitia segurança e a certeza da vitória. Esse exército era formado por homens da idade de um mês para cima. Esses eram os levitas e o Senhor mandou contá-los separadamente das outras doze tribos, e chegaram ao número de vinte e dois mil homens (Nm 3:15 e 39). Essa é a orientação do Senhor hoje para seu povo: preparar as crianças para serem vencedores espirituais nesse mundo para poderem herdar a terra prometida.
Era parte da lei, que todo o primogênito que nascesse das vacas e das ovelhas era santificado ao Senhor. Esses animais eram sacrificados e comidos perante o Senhor (Dt 15:19-20). O primogênito dos filhos de Israel também era do Senhor. Como o Senhor tomou a tribo inteira de Levi para servi-lo no santuário, cada homem de um mês para cima substituiria um primogênito dos hebreus (Nm 3:41 e 45). Ao contar os primogênitos de Israel, encontraram o total de vinte e dois mil e duzentos e setenta e três (Nm 3:43) e o total dos homens filhos de Levi, de um mês para cima, foi de vinte e dois mil homens (Nm 3:39). Os duzentos e setenta e três primogênitos de Israel que excederam ao número dos levitas foram resgatados pelo montante de cinco siclos por cabeça, resultando mil, trezentos e sessenta e cinco siclos (Nm 3:47 e 50). O siclo era uma unidade básica de medida no Antigo Testamento e equivalia a 11,47 gramas de prata. Um gera equivalia a 1/20 do siclo ou 0,57 gramas de prata (conforme verso 47). O total arrecadado foi de 1.365 siclos ou 15.656,55 gramas de prata ou 15,66 Kg de prata.
Essa situação era profética e apontava para Jesus que foi escolhido por Deus para ser o primogênito que traria ao homem a Salvação (Mt 1:25, Mt 1:21). Jesus cumpriu por nós a lei para que por ele alcançássemos a Salvação (Mt 5:17). Os primogênitos escolhidos por Deus como oferta representavam profeticamente o sacrifício de Jesus que seria oferecido no altar do holocausto (o calvário) para resgate do ser humano. O sacrifício de Jesus subiu como aroma suave na presença de Deus o pai porque por ele, a Salvação chegou até nós. O sacrifício de Jesus trouxe ao homem o alimento, pois Jesus veio do céu como o pão vivo para saciar a sede e a fome da alma (Jo 6:51). Fomos chamados para sermos levitas, e o sacrifício de Jesus nos deu esse direito de ministrarmos perante o Senhor, e termos o sacerdócio universal do crente (I Pe 2:5). Assim como os levitas foram escolhidos para ministrarem perante o Senhor, e deles mesmos sairiam os sacrifícios, fomos chamados para sermos agradáveis a Deus e a nossa vida ser ofertada/entregue perante o Senhor. "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (I Pedro 2:9)
O tabernáculo era construído de peças de ouro, prata e cobre, ou madeira revestida desses materiais nobres (Nm 4:5-14). Certamente deveria ser perigoso caminhar no deserto com tanta riqueza. Quando o povo assentava acampamento, o tabernáculo ficava no meio do arraial para facilitar o acesso ao mesmo e também para ficar protegido de investidas. Quando caminhavam, as famílias de Gerson, Coate e Merari dividiam as cargas e andavam separados e entre as outras tribos, não havendo, assim, concentração de riqueza num só lugar. Além disso, todas as peças de ouro, prata ou cobre eram embrulhadas em panos e por cima desses panos cobriam com peles de texugos. A finalidade era esconder aquelas riquezas durante as jornadas. Até mesmo as tribos não sabiam o que estava sendo carregado pelos levitas. Cada homem sabia e somente ele, o que estava transportando. Assim conseguiram manter todas as peças do tabernáculo em segurança durante os quarenta anos de peregrinação no deserto.
Profeticamente, a igreja assumiu o lugar dos levitas, pois é ela quem conduz o tabernáculo do Senhor em sua peregrinação nesse mundo. Cada servo recebeu algo muito precioso que deve conduzir até chegar ao arrebatamento. Para conservar esse tesouro é preciso esconder para que o mundo não ponha os olhos sobre os valores espirituais da vida do servo e os roube. Por isso o salmista diz, escondi a tua palavra no meu coração...(Sl 119:11). Nossas peles de texugo são as mesmas usadas por Esdras quando levou as peças do templo de volta para Jerusalém, após o cativeiro babilônico: jejum e oração (Esd 8:21-22). O tesouro que cada um recebeu para guardar é um segredo seu e do Senhor, e ele não deve ser exposto até que esteja no seu devido lugar no santuário eterno de Deus.
Recebemos muitos tesouros até aqui:
Todas as peças do tabernáculo eram envoltas em um pano azul ou carmesim e depois coberto por peles de texugos. A única peça que tinha uma cobertura diferente era a arca, pois ela era coberta com o véu da tenda e depois com peles de texugos e sobre ela um pano todo azul. A arca tinha um tratamento diferente porque ela não ia ao meio do povo de Israel, mas à frente e se destacava no deserto, porque era ela quem mostrava a direção e mostrava o lugar onde acampar. A cor azul representa o amor de Deus. Então o pano azul sobre a arca simbolizava que o grande amor de Deus estava no governo de todas as coisas na vida dos hebreus. O tabernáculo e seus itens eram segurança para Israel no deserto até a entrada na terra prometida, assim como a obra do Senhor realizada em nosso meio, e todos os recursos disponibilizados por Deus para nós é a nossa segurança nesse mundo até o arrebatamento.
Esse capítulo do livro de números é interessante pela sua repetição (Nm 7:11-88). O Senhor dita para Moisés o que cada um trouxe em oferta diante dele para a consagração do altar. O texto poderia ter sido dessa forma: No primeiro dia, apresentou a oferta Naassom, filho de Aminadabe, pela tribo de Judá; No segundo dia, apresentou a oferta Natanael, filho de Zuar, príncipe de Issacar; Até a 12ª tribo. E descrever o que cada um trouxe uma vez só e o total ao final, conforme está nos versículos 84 a 88. Porém, Deus repete doze vezes a descrição das ofertas de cada um dos príncipes, oferecida a cada dia porque era profético como toda a história de Israel, e simbolizava aquilo que o Senhor iria fazer na e com a igreja.
Quando a igreja está reunida em um culto, acontece a mesma coisa: Numa segunda feira, por exemplo, na igreja Central se reuniram 150 irmãos para o culto de glorificação e foram cantados sete louvores. Nós diríamos que na igreja Central, 150 irmãos estavam no culto e cantaram o louvor de clamor tal; depois o de gratidão tal; depois os cinco de glorificação seguintes (descrevendo cada um). Mas o Senhor, não vê assim. Na Eternidade a descrição seria mais ou menos assim: Na igreja Central, a irmã Tereza apresentou diante do Senhor no culto de glorificação de segunda feira, o louvor de clamor tal, depois o de gratidão tal; depois os cinco de glorificação seguintes (descrevendo cada um). Na igreja Central, o irmão Paulo apresentou diante do Senhor no culto de glorificação de segunda feira, o louvor de clamor tal, depois o de gratidão tal; depois os cinco de glorificação seguintes (descrevendo cada um). O Senhor descreveria 150 vezes, nome por nome. Isso porque o Senhor sonda os corações e vê o que cada um, na sua individualidade ofertou a Ele naquele culto. Ele receberá a oferta de louvor de cada um. Sempre dizemos que o clamor é individual, mas o louvor e as glorificações também são. A pessoa que está dentro da igreja, num culto, e não cantou os louvores, não louvou ao Senhor, apenas ouviu a mensagem, não vai ter a mesma comunhão daquele que viveu essa experiência como forma de vida. Prestar um culto ao Senhor não é somente estar na igreja, mas é levar a Ele a oferta que foi preparada para depositar diante dele naquele momento, como diz na palavra: “Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes nos meus átrios?” (Is 1:12). O Senhor não quer a vida apenas presente dentro da igreja fisicamente, Ele deseja um culto sincero e com entendimento. Um culto em que será vivido aquele momento de comunhão e experiência com o Senhor. O servo deve preparar durante o dia sua oferta de louvor a Deus e esperar ansiosamente para entregar a Ele no culto à noite. Esse culto Ele aceitará e registrará na sua eternidade. O culto de cada dia precisa marcar a vida do servo.