Quando o povo caminhava no deserto em direção à Canaã o Senhor fez com ele um pacto, que chamamos de Velha Aliança ou Velho Testamento. Ali o Senhor lhes deu o tabernáculo e dentro dele ficava a arca da aliança, ou arca do testemunho, que era um sinal dessa aliança entre Deus e os Hebreus. Dentro da arca havia três elementos que testificavam dessa aliança:
i) Êxodo 16:33: O Maná que representava profeticamente o Filho Jesus, a vida;
ii) Êxodo 25:21: As tábuas da lei, que representava profeticamente ao Pai, a verdade;
iii) Números 17:10: A vara de Arão que floresceu, que representava profeticamente o Espírito Santo, o caminho.
O Novo Testamento ou Nova Aliança também possui três testemunhas: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (Jesus), e o Espírito Santo; e estes três são um” (I Jo 5:7). Quando Salomão acaba de edificar o templo, ele introduz a arca no lugar preparado, que seria o Santo dos Santos, porém o texto que lemos em I Re 8:9 diz que dentro da arca só havia as Tábuas da Lei. A Palavra não esclarece claramente o motivo de não estar ali a vara de Arão e o Maná. Porém, algumas sugestões é que esses dois elementos podem ter sido tirados pelos Filisteus quando a Arca foi tomada (I Sam 4:17- 22 e I Sam 5:1-2). Pode ser que eles abriram a arca para ver o que havia dentro e encontraram um ramo com flores e frutos, uma vasilha com o Maná e as tábuas da lei. Os dois primeiros elementos não faziam sentido, e não faz sentido para aqueles que não tem uma experiência com a Obra revelada. Eles podem, provavelmente, terem jogaram fora. Porém, guardaram as tábuas da lei por ser considerado algo precioso, importante ou para ser objeto de estudo posteriormente. Até mesmo por estar relacionado à religiosidade, e eles respeitavam isso.
Entendendo o texto de Samuel:
Os filisteus tipificam o mundo. Os que não fazem parte da aliança do Senhor. Qual o valor, qual o sentido, qual o entendimento e interesse que o mundo tem ou dispensa em relação a Jesus ou ao Espírito Santo? Nenhum! O mundo não entende o sacrifício e a ressurreição de Jesus. O mundo não tem o Espírito Santo. Guarda, contudo, a lei, como relíquia. Tem uma vaga noção de que existe um Deus e um povo escolhido, mas não o conhece. O mundo lê a Bíblia, como os filisteus leram as tábuas da lei, é uma lei que diz respeito somente àquele sobre o qual o Deus dos céus governa, e é verdade.
Entendendo o texto de Reis:
Agora, no texto de I Reis 8:9 a arca é introduzida no templo de Salomão, sem o Maná e sem a vara de Arão. Qual o significado? O templo de Salomão foi construído para a prática do culto do Velho Testamento. No Velho Testamento o Cordeiro de Deus (Jesus Cristo) era ainda a promessa e o Espírito Santo seria derramado depois de sua ressurreição. Então o culto era somente a Deus Pai. Eles não tinham entendimento da figura de um Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo, como lemos acima em I Jo 5:7). Além disso, a não introdução do Maná no templo simbolizava que Israel não receberia Jesus como o Cordeiro de Deus. E a não inserção da vara de Arão simbolizava que esse povo também não receberia o Espírito Santo. A arca se perdeu para Israel com o passar dos séculos, porém ela está sob a guarda da igreja fiel e dentro dessa arca (espiritual) estão guardados os três elementos. A aliança com a igreja só tem sentido e valor com a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Quando a igreja for arrebatada a arca subirá junto e estará no céu (Apoc 11:19), quando todos contemplarão a obra trina e maravilhosa proposta por Deus Pai, Filho e Espírito Santo, posta à disposição do homem para salvá-lo e diante da qual todos serão julgados.
II Reis 18:4 “... e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera...”
A Palavra ensina que o ídolo não é nada (I Cor 8:4), simplesmente porque representa um deus que não existe. O perigo é que os sacrifícios (cultos) prestados a ídolos são recebidos por demônios e isso é uma abominação (I Cor 10:19-20). O profeta do Velho Testamento usado por Deus para trazer a lei foi Moisés, e um dos pontos mais importantes da Lei é que somente o Senhor é digno de ser adorado e cultuado. Por isso o homem não deve fazer “imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20:4). Mas foi esse mesmo Moisés quem fez uma serpente de metal e a pendurou numa haste no meio do arraial de Israel quando caminhava no deserto (Núm 21:9). Além disso, fez dois querubins de ouro e os colocou sobre o propiciatório, no tabernáculo (Êx 37:7). Como pode ser isso? A respeito da idolatria é preciso entender que ela está intimamente ligada à desobediência. O Senhor disse a Moisés que o homem não deveria fazer imagem alguma, conforme lemos em Êxodo 20:4, com o intuito de adoração. A desobediência a esse mandamento é idolatria. Porém, quando Moisés fez a serpente de metal ou os querubins para o tabernáculo, estava obedecendo à vontade do Senhor, e não existe idolatria na obediência (Êx 25:18 e Núm 21:8). Moisés estava cumprindo uma revelação do Senhor. O ídolo não é nada, mas ele demonstra uma atitude de rebelião e a teimosia contra a revelação do Senhor; e isso é idolatria e iniquidade (I Sam 15:23). Quanto ao texto de II Re 18:4, a situação mudou, porque a serpente foi feita para atender uma situação durante a caminhada no deserto e deveria ter sido destruída, porém, sete séculos se passaram e o povo a conservou e a transformou em objeto de adoração. Somente no governo de Ezequias a serpente foi destruída. O povo passou a chamar a imagem da serpente de Neustã, que significa: “um mero pedaço de bronze”, ou seja, eles sabiam que a imagem não era coisa alguma, mesmo assim lhe queimavam incenso.
II Reis 18:1-3 - II Reis 21:1-2 - II Reis 22:1 (Bons e maus reis)
A salvação é uma experiência pessoal do homem com Deus. É bem verdade que sofremos influencia genética na formação de nosso caráter, tendemos a ser como nossos pais. Mas os filhos não devem transferir a culpa de suas decisões equivocadas que por acaso tomarem a seus pais. Vejam:
II Reis 18:1-3 – Ezequias: Foi um dos melhores reis de Judá. Era filho de Acaz, que não foi um bom rei (II Reis 16:2);
II Reis 21:1-2 – Manassés: Era filho de Ezequias e em nada o imitou, destruindo todo o trabalho que seu pai teve para restaurar a vida espiritual de Judá. Manassés aborreceu tanto ao Senhor que Ele decidiu fazer com Judá o mesmo que havia feito com Israel (II Reis 23:26-27 e II Reis 24:3);
II Reis 22:1 – Josias: Outro exemplo disso encontramos nesse homem. Sendo filho do pior homem que reinou sobre Judá, foi coroado aos oito anos e escolheu servir ao Senhor. A Palavra diz que não houve nenhum rei que tenha se convertido de todo o coração, nem antes e nem depois dele (II Reis 23:25). Então, se uma pessoa decide servir ao Senhor ou decide não servir ao Senhor é um ato de sua própria escolha e não deve atribuir a seus pais ou a outros a responsabilidade caso tenham sido fiéis ou infiéis ao Senhor.
Nos livros dos Reis vimos a queda de Israel. Primeiro Israel propriamente dita, invadida por Salmaneser durante o reinado de Oséias e, ao final do segundo livro das crônicas encontramos a destruição do reino de Judá. As dez tribos que compunham o reino de Israel foram transportadas para a Assíria (II Re 17:3-6) e outro povo foi trazido para habitar nas terras de Israel (II Re 17:24). Judá permanece ainda por algum tempo e bons reis ainda reinaram em Jerusalém: Ezequias e Josias foram os últimos reis fiéis ao Senhor. Josias é morto em batalha contra Faraó-Neco, do Egito e os reis que o sucedem, sem exceção, aborreceram ao Senhor. Nebopolasar, rei de Babilônia, começa as incursões contra Judá, pelas mãos de seu filho, Nabucodonosor, levando o povo cativo para o seu reino através de três deportações (seu nome não consta na Bíblia, mas nos livros históricos).
A primeira deportação foi durante o reinado de Joaquim, quando Nabucodonosor levou a família real cativa e todos os tesouros da casa do Senhor, todos os príncipes, homens valentes e artífices, que poderiam ser úteis em Babilônia, ficando somente o povo pobre da terra (II Re 24:12-16).
A segunda deportação foi durante o reinado de Zedequias, depois de um sítio de um ano e meio. O exército de Judá se dispersou e o rei foi preso por Nabucodonosor. Seus filhos foram mortos diante de Zedequias e seus olhos vazados e preso em cadeias, foi transportado para Babilônia. Nessa ocasião o templo é queimado após ser totalmente saqueado (II Re 25:1-7).
A terceira deportação se deu a seguir, pelas mãos de Nebuzaradã, chefe da guarda babilônica, onde o resto do povo é levado para a Babilônia, ficando apenas uns poucos para lavrarem a terra e o resto do ouro e da prata. Utensílios da casa do Senhor também são levados (II Re 25:11-21). Termina aqui a história do reino de Judá e inicia-se o cativeiro babilônico que durou cerca de setenta anos.
Conforme estudiosos, o Livro das Crônicas foi escrito por Esdras, e um detalhe interessante é que os dois últimos versículos do livro de II Crônicas (II Crôn 36:22-23) são os primeiros versículos do livro de Esdras (Esd 1:1-3). Esdras foi incumbido pelo rei Ciro, da Pérsia, que havia conquistado a Babilônia, a retornar a Jerusalém e reedificar o templo do Senhor, bem como a levar o povo que estava cativo de volta à sua terra natal. O retorno do povo foi realizado sob a liderança de Zorobabel e aproximadamente cinquenta mil (50.000) pessoas retornaram à Israel. O livro de Crônicas foi escrito para o povo que estava retornando e iria reconstruir não só o templo, mas a nação de Israel.
Primeiramente, o autor faz uma exposição ordenada de como foi formada a nação de Israel, iniciando pela genealogia, desde Adão até Davi, e é a descrição mais completa reunida numa só narração (I Crôn Capítulos de 1 a 9). O povo que estava voltando do cativeiro precisava saber como a nação foi formada por Deus e conhecer a respeito de sua glória nos tempos de Davi e Salomão. Saber que por causa de os reis terem se afastado do Senhor e levado o povo a pecar, Deus também rejeitou a nação e permitiu que ela fosse destruída. O Livro das Crônicas relata apenas os fatos relacionados ao reino de Judá. Com relação à Israel faz apenas menção dos reis, para situar o leitor no tempo, porém, o assunto é Judá. É a história desse povo que importava aos que retornavam. A outra parte de Israel nunca mais se juntou como povo e nação. A história dos reis de Israel começa no livro de Samuel e narra todo o governo e queda de Saul e a ascensão de Davi ao trono. Em Crônicas, o autor apenas narra o momento da morte de Saul e Jônatas (seu filho) e a transferência do reino para Davi (capítulo 10). Notem a ênfase dada nesse versículo quanto a ser fiel ao Senhor: “E não buscou (Saul) ao Senhor, que por isso o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé” (I Crôn 10:14). O povo precisava entender que o Senhor queria um povo fiel e obediente. Vale a pena ler o capítulo 9 de Neemias porque nele contém o que explicamos acima. A geração que estava retornando do cativeiro deveria ter uma mentalidade diferente daquela que habitou na terra até o momento do cativeiro. E essa geração realmente amou ao Senhor e o serviu de todo o coração, renovando a aliança com Deus, conforme podemos ler em Neemias 9:36 a Neemias 10:29.