Por causa de Israel ter se afastado do Senhor, todo o povo foi levado cativo, para a Assíria (Israel) e para a Babilônia (Judá). O templo foi destruído. Após os setenta anos de cativeiro, Zorobabel volta com uma grande parte do povo para a reconstrução do templo, aproximadamente cinquenta mil pessoas (Esdras 2:64-65). O problema desse povo é que ele não teve uma experiência pessoal com o Senhor. Israel passava de geração em geração a experiência dos pais. Entre essas experiências estavam a grande maravilha que foi a saída do Egito, a travessia do Mar Vermelho, os quarenta anos de deserto, o maná, o tabernáculo, o grande profeta Moisés e o sacerdote Arão, as guerras de conquista sob o comando de Josué, a grandeza dos reinados de Davi e Salomão. Mas para eles isso era apenas história de um passado distante. As gerações posteriores não conheceram ao Senhor. O sacrifício era um costume sem sentido; o culto tornou-se algo comum. Para quem não teve experiência com o Senhor, não havia diferença entre servir ao Deus de Israel, ou ao deus dos assírios, dos egípcios, ou outro qualquer.
Chegado o momento da reedificação do templo, como vimos na introdução à leitura do livro de Esdras, era preciso também uma reforma espiritual em todo o povo. O retorno para Jerusalém era também o recomeço da caminhada junto ao Deus dos céus e o renovo da aliança feita no deserto. Assim, encontramos os edificadores trabalhando na reedificação do templo: O Pai, O Filho e O Espírito Santo. Eles quem trabalham para restaurar o homem como templo do Espírito Santo, lugar de habitação do Senhor. Os alicerces do templo é uma representação do cordeiro Jesus (Jo 1:29), sua morte, seu sangue derramado, sua ressurreição. A fundação e fundamento da obra de Deus para o homem é o Senhor Jesus, o Firme Fundamento. Os sacerdotes já vestidos e com trombetas representam a igreja, já remida, com vestes de salvação e de posse da profecia, do evangelho eterno para proclamar ao mundo (Apoc 14:6). Quando viram os fundamentos louvaram ao Senhor. Agora sim o povo ia servir ao Senhor de todo o coração, pois ele viu os fundamentos da obra. Quando o homem se encontra com o fundador e fundamento dessa obra, ele se alegra porque entende quão grande e maravilhosa é a obra do Senhor. Só é possível compreender e viver a obra do Espírito Santo se tiver visto o seu fundamento. Assim, o povo, com sua experiência pessoal com o Senhor pode dizer, como o profeta: “A glória dessa última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor, dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:9).
A reedificação do templo em Jerusalém representa, profeticamente, à restauração da vida espiritual do povo de Israel. Como todas as coisas que estão escritas no Velho Testamento, embora falem de Israel, foram escritas, profeticamente, para a igreja. A mensagem de Esdras está direcionada ao homem que o Senhor quer salvar e realiza nele a sua obra. O rei Ciro aqui tipifica o Espírito Santo, aquele que recebeu nos céus o encargo de edificar no homem um lugar de adoração ao nome do Senhor. Vejamos alguns detalhes no capítulo 1 de Esdras:
Verso 3: Quem há dentre vós de todo o seu povo. Essa é uma palavra direcionada àquele que está entre o povo, mas o Deus do céu é com ele, ou seja, é direcionada aos eleitos.
Verso 6: As mãos foram firmadas com vasos de prata, ouro, gado e coisas preciosas. Quando o homem se dispõe a se envolver com a obra do Espírito Santo, seu intento é confirmado nos céus e suas mãos fortalecidas com todos os recursos necessários para completar a obra.
Não faltará a prata, ou seja, a graça será abundante;
Não faltará ouro, ou seja, o poder de Deus estará sobre ele;
Não faltará gado para o sacrifício contínuo, ou seja, o poder do Sangue de Jesus estará continuamente sobre ele;
Não faltará coisas preciosas, ou seja, os dons, a operação do Espírito Santo, a revelação, a experiência. Essas são as coisas preciosas da obra do Senhor.
Verso 7: O rei Ciro devolveu tudo o que foi levado para a Babilônia por Nabucodonosor. Quando o homem se afastou do Senhor, perdeu todas essas coisas, mas quando se dispõe a voltar para sua presença, o Espírito Santo está disposto a devolver tudo o que ele tinha e perdeu.
Versos 9-11: Tudo foi contado e conferido. Nada se perderá, mas tudo será restaurado. Como diz a palavra: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos (Is 61:1).
Em todo o tempo em que Judá trabalhou na reedificação do templo e, como veremos a seguir no livro de Neemias, na reconstrução dos muros de Jerusalém, sofreram pesadas investidas dos inimigos, para que a obra não se completasse. Quem ordenou a reconstrução do templo foi Ciro, o persa que então reinava em Babilônia. A reconstrução do templo foi demorada e reis sucederam a Ciro. Primeiro foi Assuero, aquele que se casou com Ester (judia), conforme leremos mais adiante. Durante seu reinado, os inimigos de Judá escreveram falsas acusações ao rei, contra Judá e Jerusalém, porém nesse período, provavelmente o conselheiro de Assuero era Mardoqueu, primo de Ester e o intento desses homens foi frustrado (Esd 4:6). Após Assuero, reinou Artaxerxes, e a este também escreveram acusações e o rei manda interromper a reconstrução (Esd 4:7 e 24). Conforme Esdras 4:24, a obra ficou paralisada até o segundo ano de Dario e então Zorobabel e Jesuá recomeçaram a edificação. Por causa disso, nova investida ocorreu contra o povo do Senhor, porém desta vez, foi pedido que o rei Dario buscasse nos arquivos a lei de Ciro, que ordenava a reconstrução do templo, e para vergonha dos adversários dos judeus, Dario confirma o decreto de Ciro e também decreta que o rei não só ajudaria na construção, enviando recursos, como decretou que aqueles que tentassem impedir os trabalhos fossem mortos (Esd 6:8-11). A confirmação do decreto de Ciro (persa) por Dario (medo) foi importantíssima para o povo judeu e seu significado profético é maravilhoso para a igreja.
Mas por que Dario se submeteu a uma lei proclamada por um rei que havia subjugado, e agora ele mesmo reinava em seu lugar? Algum tempo antes disso, Dario, foi induzido por homens que queriam matar Daniel a escrever uma lei e eles o lembraram que a lei dos medos e dos persas não podiam ser revogadas (Dn 6:8). Pouco depois descobriu a maldade desses homens, mas o Senhor livrou a Daniel e os inimigos morreram. Agora,o mesmo rei, Dario, manda fazer cumprir essa determinação, que a lei dos medos e dos persas não pode ser revogada. A profecia e livramento apontam para a primeira lei: Se o homem desobedecer, morrerá. Nenhum homem foi capaz de cumprir essa lei, porque se o homem morrer em pecado não herda a vida eterna, mas é réu do juízo eterno. Era preciso que um homem sem pecado morresse, pagando o preço pelo pecado, e morrendo sem pecado, não seria réu do juízo, mas receberia a vida eterna. Mas a Bíblia diz que todos pecaram. Quem poderia então cumprir a lei? Então, se era impossível cumprir a lei, por que o Senhor não a revogou? A resposta está nos livros de Ester e Daniel: ela não pode ser revogada, ela precisava ser cumprida. Jesus diz em Mateus 5:17: “Não vim ab-rogar a lei, mas cumprir”. Ninguém pode impedir a reedificação do homem diante de Deus, porque o Senhor Jesus nasceu sem pecado, viveu sem pecar, morreu, pagando o preço do pecado e cumprindo a lei, e sendo justo, ressuscitou, vencendo a morte. Assim como Dario decretou em Esdras 6:11 quanto àquele que modificasse seu decreto, o Senhor diz em Apocalipse 22:18-19: Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.
Por ordem o rei Artaxerxes todos os utensílios e tesouros pertencentes ao templo e que haviam sido levados para a Babilônia por Nabucodonosor, foram entregues aos levitas para serem restaurados ao seu lugar (Esd 8:25-29). Além disso, o rei deu uma quantidade enorme de ouro e prata para que pudessem comprar animais para as ofertas diárias, além de grande quantidade de trigo, vinho, azeite e sal (Esd 7:21-22). Diante de tão grande riqueza, o rei ofereceu escolta para defesa durante todo o caminho de volta à Jerusalém, mas Esdras sentiu vergonha de depender desse recurso e disse ao rei que o Senhor os guardaria no retorno, porém todos os sevos que ali estavam jejuaram durante o caminho de volta para que suas vidas e os tesouros fossem guardados até que chegassem ao destino.
Quando o homem coloca em seu coração retornar à presença do Senhor, Ele abre as janelas dos céus e devolve todas as riquezas que esse homem perdeu. O poder de Deus estará sobre o homem; a graça; o poder do Sangue de Jesus; as operações do Espírito Santo, etc. Porém, a responsabilidade de zelar para que nada se perca ou seja roubado nesse caminho de volta, é do homem e não do Senhor. Todo o ouro e prata e utensílios foram pesados e registrados na saída, ao serem entregues aos levitas, e deveriam ser guardados até que fossem pesados novamente ao chegarem em Jerusalém, nas câmaras da casa do Senhor (Esd 8:29-34). Um dia, de tudo aquilo que o Senhor deu ao homem nesta vida terrena será prestado contas na Eternidade. O Senhor tem em registro tudo o que Ele coloca à disposição de cada um. Cada ato de misericórdia, cada livramento, cada conselho, cada bênção, cada dom, cada vez que visitou, renovou, perdoou, consolou, ensinou. Tudo isso será novamente pesado diante de Deus e o homem prestará contas de tudo. E se achado mordomo fiel diante do Senhor, estará preparado para entrar em Jerusalém, a eternidade do Senhor. Lc 16:...dá contas da sua mordomia.....