A quem foi escrita? Esta epístola foi certamente dirigida a cristãos hebreus, que habitavam em qualquer cidade ou região, e haviam formado uma sociedade organizada ou igreja, tendo os seus pastores já falecidos, e possuindo agora mestres, a quem por conselho do autor deviam os crentes obedecer (Hb 13:1, 17, 24). Tem sido geralmente aceita a opinião de que esses cristãos residiam na Palestina, talvez em Jerusalém, ou na Cesaréia, mas, alguns críticos julgam que a epístola foi dirigida aos judeus convertidos de Alexandria. Há, também, quem afirme que ela foi destinada aos romanos, que tinham recebido a fé cristã, dizendo outros escritores que era em Antioquia que se achavam aqueles a quem a carta foi primeiramente mandada.
Quando e onde foi escrita? Não podemos de uma maneira determinada saber quando e onde foi esta epístola escrita. Apenas uma indicação de lugar (incerto) nos é dada (Hb 13:24): “os da Itália vos saúdam”. Mas isto pode significar tanto àqueles com quem o escritor vivia em Roma, como certos italianos, que em qualquer parte estivessem com o autor.
Quando foi escrita? Concorda-se geralmente que foi escrita não depois da destruição de Jerusalém, mas na proximidade desse acontecimento. O autor fala do ritual levítico, como estando ainda em toda a sua força.
O seu autor: Com respeito, a saber-se quem tenha escrito a epístola, foi sempre, desde os tempos primitivos da igreja, uma coisa muito incerta. Tem sido atribuída a Paulo, nas traduções mais antigas. Com respeito à comunidade, à qual foi primeiramente endereçada a epístola, encontram-se nestas pequenas alusões, que podem dirigir, quando não possam inteiramente resolver, a nossa inquirição. Segundo o que se lê em Hebreus 13:7, parece que se trata de uma sociedade organizada ou igreja, que tivesse existido por algum tempo, tendo os membros dessa igreja e os seus mestres, a quem era devida a obediência (Hb 13:17). Estas observações, porém, tanto se podem aplicar aos cristãos judeus da Palestina (entre os quais os de Jerusalém ou de Cesaréia), como os da Dispersão.
Quanto à sua matéria, pode dividir-se em duas partes principais: i) a primeira é principalmente doutrinária (Hb 1 a 10:18); ii) a segunda é principalmente prática (Hb 10:19 a 13).
Na primeira parte prova-se a suprema autoridade e glória da dispensação cristã, fazendo ver quanto é superior o seu Mediador, o Eterno Filho de Deus, aos mediadores do antigo pacto, quer sejam espirituais, como os anjos, quer terrestres, como Moisés. Embora fossem grandes os seus sofrimentos, e se humilhasse até à morte, isso, longe de diminuir a sua glória de Mediador, foi o grande meio de realizar a sua grandiosa Obra de Redenção (Hb 1 a 4:13). A comparação de Cristo com Moisés e com Josué é seguida de outra com Arão. Primeiramente o autor faz ver que Cristo, como Arão era verdadeiro sacerdote, que Deus nomeou, e verdadeiro representante do homem, e depois se mostra que Jesus Cristo sobrepuja em muito a Arão na qualidade de sacerdote, reproduzindo o mais antigo e mais nobre sacerdócio do rei-sacerdote Melquisedeque. A nova economia, de que Jesus é a Cabeça, invalida e ab-roga a antiga, provando-se isso com o próprio Antigo Testamento. E a eficácia intrínseca e perpétua do seu único sacrifício, como perfeita propiciação pelo pecado, é posta em contraste com a virtude típica e cerimonial daqueles sacrifícios muitas vezes repetidos os quais estavam já terminando (Hb 4:14 a 10:18). A argumentação precedente acha-se entremeada de conselhos práticos e avisos solenes. E, na conclusão da epístola, são vivamente exortados os hebreus a continuarem a sua vida de fé com paciência e alegre confiança, no meio de provações presentes. Prova-se que a fé é virtude essencial na participação das prometidas bênçãos de Deus, e é exibida a sua ação e eficácia numa longa linha de heróis, mártires, e confessores, que termina em Jesus, o grandioso exemplar. E são os cristãos hebreus encorajados a sofrer também as suas provações, como sendo um paternal castigo, que devia produzir o mais alto bem. Os gloriosos privilégios do Novo Pacto são apresentados, para fazer conhecer o terrível perigo da apostasia (Hb 10:19 a 12). Seguem-se algumas exortações para cumprimento de especiais deveres, preceitos e regras da vida, sendo esta recomendação feita com precipitação paulina. E fecha o escritor a notável epístola à maneira do apóstolo Paulo: com uma doxologia e benção (Hb 13).
A Obra redentora de Deus é Eterna, não pode envelhecer
Alguns elementos proféticos que Israel viveu na caminhada:
i) Pão de manhã representava o nascimento de Jesus, pão vivo que desceu do céu (Jo 6:51).
ii) Carne a tarde representava sua carne ferida, sua morte.
Aquele povo estava revestido de partes da eternidade; os cuidados do Senhor eram enviados da sua eternidade. Como se lê na Palavra: "nada faltou, e se tivesse faltado, o Senhor acrescentaria" (Deut 2:7). O texto aponta para uma igreja que está revestida das porções eternas que o Espírito Santo traz diária e continuamente sobre ela, preservando-a em sua peregrinação até alcançar a terra da promessa.
As vestes que não envelhecem é o Sangue de Jesus;
Sapatos que não se consomem é o Evangelho Eterno;
Maná é a Palavra que revela Jesus e sustenta a alma;
Água fresca é a ação contínua do Espírito Santo.
Nuvem de dia é a mão do Senhor livrando dos "calores do dia", das provas.
Coluna de fogo é a presença do Espírito Santo impedindo a frieza espiritual que assola ao derredor; revelação que nos livrar da razão; segurança na presença do Senhor.
Jesus nosso redentor
i) Teria dentes, porque sentiria fome e necessidade de ingerir o alimento como todos (Mt 4:2);
ii) Teria mãos, porque trabalharia, como todos necessitam trabalhar. E ele era experimentado em trabalhos (Is 53:3).
iii) Teria pé, pois viveria neste mundo e se conduziria nele, como todos os homens (Jo 12:3).
i) Sentiria frio (passando as noites orando ao Pai no monte - Lc 6:12);
ii) Sentiria dor (dos açoites, golpes, coroa de espinhos, dos cravos nas mãos e pés - Is 53:4);
ii) Sentiria medo (orando ao Pai no Getsêmani - Lc 22:42),
iii) Ficaria tão cansado (que dormiria num barco em meio a má tempestade - Mt 8:24);
iv) Teria fome (como vimos após seu jejum prolongado - Mt 4:2);
v) Teria sede (mostrou isso na cruz - Jo 19:28).
O nosso lugar de repouso é a vida Eterna com Deus
O Senhor tem um lugar de repouso preparado para o homem desde a fundação do mundo. A terra de Canaã dada em herança ao povo de Israel é uma alegoria, uma simbologia a respeito da terra prometida, não nesse mundo, mas nos céus. As boas novas foram primeiramente pregadas aos Hebreus, no Velho Testamento, mas, eles não entraram na terra de Canaã por causa da desobediência (Hb 4:6 em citação a Num 14:30). Então o conselho de Davi, citado aqui neste livro, é para que o homem não endureça o coração, como o povo no passado, ao qual o Senhor dizia ser “de dura cerviz”.
Israel não entendeu o propósito do Senhor. A terra de Canaã não era o lugar de repouso definitivo para Israel. Ali o Senhor iria estabelecer uma nação sacerdotal para que através dela o homem alcançasse a verdadeira terra prometida, larga e ampla, onde da rocha mana leite e mel. Esse lugar de repouso é a eternidade de Deus. Lugar de repouso do Deus vivo. Eterna nos céus. Onde da Rocha da salvação emana todo o sustento para a alma. O homem perdeu o direito a esse lugar de repouso por causa da desobediência e somente conseguirá retornar pela obediência. A geração inteira que morreu no deserto tipifica o homem desobediente, o velho homem. O que precisa morrer durante a caminhada na direção do Espírito Santo. O novo nascido, o que é gerado pelo Espírito para a obediência, esse é o que entrará no repouso eterno que o aguarda (I Pe 1:2).
O valor da herança de Deus para o servo fiel
No texto de Gênesis 25:34 está escrito que Esaú desprezou e vendeu sua primogenitura. No texto de Hebreus 12:16 o Senhor chama Esaú de devasso e profano, por ter trocado a primogenitura por uma refeição, ou repasto. Esaú com essa atitude passa a tipificar a religião, porque ela trocou as bênçãos espirituais e eternas por coisas materiais e efêmeras. O ser humano sem comunhão com Deus há muito se ocupa de atender aos anseios da vida secular como questões de moradia, terra, alimentação, roupas, etc. Essa preocupação deve existir, é uma ação social. Porém, não é função da igreja se ocupar somente nelas e deixar de lado o projeto de Salvação que deve ser a nossa primeira preocupação (Mt 6:33). Além disso, há órgãos governamentais, entidades, fundações que fazem esse trabalho.
A igreja recebeu uma missão específica e muito mais importante do Senhor que é fazer discípulos, pregar o evangelho eterno, batizar os crentes convertidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinar todos a guardar a profecia sobre a volta de Jesus (Mt 28:19-20). Esaú fez exatamente a mesma coisa que muitos estão fazendo, principalmente quando ele desistiu de ser chamado primogênito de Isaque. Nesse momento ele não estava abrindo mão apenas do título; não era brincadeira. Ele assumiu a responsabilidade de uma sequência de fatos que começariam a acontecer. Além da herança do pai Isaque ser transferida para Jacó, a herança espiritual de Abraão também passou para Jacó. Esaú seria Israel. Esaú formaria as tribos de Israel. Esaú daria nome a uma nação gloriosa. De Esaú procederiam; os profetas, os reis, o sacerdócio, a lei, e principalmente, o Messias. Todas essas coisas foram apagadas de sua história e transferidas para aquele que amou o projeto de Deus. Aquele que ama o projeto do Senhor, mesmo sem merecer, recebe tudo aquilo que foi desprezado pelo infiel (I Sam 15:28; At 18:6).