O Império Assírio, que floresceu entre 900 e 600 a.C., foi uma das grandes potências da antiguidade. Com vastos avanços tecnológicos e um nível de riqueza impressionante, o império também se destacou pela violência em campanhas militares, empregando métodos punitivos extremos contra seus inimigos. Para os assírios, humilhar e castigar opositores capturados era não só uma estratégia de intimidação, mas também uma prática profundamente integrada à sua cultura e política.
A prática da crucificação, ou métodos similares de execução, provavelmente teve suas origens com os assírios e babilônios, e acabou sendo adotada e sistematizada pelos persas a partir do século 6 a.C. Nos primeiros tempos, a crucificação era uma mescla entre empalação e exposição pública. Os persas frequentemente usavam árvores ou postes para tal fim, e o ato em si simbolizava uma morte lenta e dolorosa, além de ser um aviso ao público.
Alexandre, o Grande, quando dominou o Oriente Médio, levou essa técnica brutal para as regiões que conquistou. Um exemplo famoso ocorreu na cidade fenícia de Tiro, onde o exército de Alexandre crucificou cerca de 2 mil pessoas após um cerco. A técnica de execução se espalhou para lugares como o Egito, a Síria e Cartago, tornando-se um método de punição amplamente conhecido no Mediterrâneo.
Durante as Guerras Púnicas (264-146 a.C.), que marcaram o conflito entre Roma e Cartago, os romanos aprenderam a técnica da crucificação dos cartagineses e a aperfeiçoaram ao longo dos séculos. A crucificação se tornou, sob o domínio romano, um método de execução meticulosamente planejado para infligir sofrimento prolongado. As legiões romanas adotaram a prática em massa, principalmente contra escravos, prisioneiros de guerra, rebeldes e os considerados inimigos públicos.
Os romanos desenvolveram diferentes formatos de cruz, como o “T” (crux commissa) e o “X” (crux decussata), cada um usado conforme o local e o propósito da execução. O condenado era forçado a carregar o patíbulo, a trave horizontal da cruz, até o local da execução, onde o poste vertical já estava fixado. Geralmente, o condenado era despido e seus braços, ou amarrados ao patíbulo, ou pregados a ele, com cravos nos pulsos. Uma vez levantado, seus pés também eram pregados ao poste, uma experiência agonizante, pois os pregos perfuravam áreas altamente sensíveis, causando uma dor extrema.
A morte por crucificação poderia levar dias, sendo causada por uma combinação de desidratação, asfixia e trauma. Em alguns casos, os soldados quebravam as pernas dos crucificados para acelerar a morte, impedindo-os de empurrar o corpo para cima e respirar, levando-os a uma morte rápida por asfixia.
A crucificação foi finalmente abolida no Império Romano pelo imperador Constantino no século IV d.C., após sua conversão ao cristianismo. Constantino, o primeiro imperador cristão, pôs fim a essa prática ao mesmo tempo em que promovia a fé cristã, um marco que simbolizou uma nova era religiosa e política para Roma e marcou o início da cristianização oficial do Império.