O primeiro templo, construído pelo rei Salomão, foi uma obra monumental e considerado uma das maravilhas do mundo antigo. Decorado com madeira de cedro e ricamente adornado com ouro, continha o Lugar Santíssimo, onde estava a Arca da Aliança com as tábuas dos Dez Mandamentos. Este local era o centro da adoração e o símbolo máximo da presença de Deus entre o povo de Israel. Em 587 a.C., o templo foi saqueado e destruído pelo exército babilônico sob o comando de Nabucodonosor, e os tesouros foram levados a Babilônia. Essa destruição foi um evento de profundo impacto espiritual e emocional para os judeus.
Após cerca de 70 anos de exílio, um grupo de judeus retornou sob a liderança de Zorobabel, e com grande esforço reconstruíram o templo (conhecido como o Segundo Templo) por volta de 516 a.C. Embora funcional, essa estrutura não possuía a riqueza e o esplendor do Templo de Salomão, pois Israel não era mais uma nação próspera e estava sob o domínio persa. Ainda assim, esse templo se tornou novamente o centro da vida religiosa judaica.
Séculos depois, sob domínio romano, Herodes, o Grande, que reinava na Judeia, iniciou um ambicioso programa de expansão e renovação do Segundo Templo, em parte para ganhar a aprovação dos judeus, que viam com desconfiança seu reinado. As obras começaram em 19 a.C., e a maior parte do templo foi completada em torno de 9 a.C., embora o projeto completo só tenha sido finalizado em 64 d.C., apenas seis anos antes de sua destruição. Essa construção foi executada com extremo zelo e luxo, seguindo a planta original, mas em maior escala, com estruturas fortemente reforçadas e decoradas com mármore e ouro.
O novo templo era organizado em diversos pátios:
O Pátio dos Gentios: o mais externo e acessível a todas as pessoas, judeus e gentios. Cercado por pórticos amplos e elegantes, era um local de grande movimentação, onde mestres judeus ensinavam e onde também aconteciam transações comerciais, incluindo a venda de animais para sacrifícios e a troca de moedas, necessárias para as ofertas. Essa atividade foi alvo da crítica de Jesus, que expulsou os comerciantes em uma demonstração de zelo pelo templo (João 2:14-16).
O Pátio das Mulheres: acessível apenas aos judeus, este pátio incluía 13 gazofilácios em forma de trombetas invertidas para coleta de donativos destinados ao sustento do templo e às obras de caridade. Foi aqui que Jesus observou a oferta da viúva pobre, um dos episódios que destaca a importância da sinceridade no culto a Deus (Marcos 12:41-44).
O Pátio dos Israelitas: um espaço reservado para os homens judeus, onde eles podiam assistir aos sacrifícios e rituais, mas ainda separados do altar principal.
O Pátio dos Sacerdotes: acessível apenas aos sacerdotes, era onde ficava o altar dos sacrifícios e onde estavam também o lavatório de bronze para a purificação. Nesse local, os sacerdotes ofereciam diariamente sacrifícios em nome do povo, seguindo rigorosos rituais para garantir a pureza e a aceitação do sacrifício.
No centro do templo, encontrava-se o santuário com duas áreas principais:
Herodes fez uso de técnicas avançadas para a época, e o templo continha pedras gigantescas que ainda hoje causam admiração, como as que podem ser vistas no Muro das Lamentações. Escavações modernas também revelaram detalhes importantes, como uma ampla escadaria que levava à entrada sul e a descoberta de placas em grego e latim que avisavam aos gentios para não ultrapassar certos limites, sob pena de morte.
No entanto, em 70 d.C., após uma revolta judaica contra o domínio romano, o general Tito sitiou e invadiu Jerusalém, destruindo o templo completamente. Ele foi incendiado e desmontado pedra por pedra, em cumprimento da profecia de Jesus, que havia dito que "não ficará pedra sobre pedra" (Mateus 24:2). Essa destruição marcou profundamente o povo judeu, que desde então nunca mais teve um templo físico, e o local passou a ter um significado especial como símbolo de fé e identidade.